Friday, August 18, 2006

Quase Dois


eu me estendo até você. estico meus braços, elevo meus dedos, relevo as minhas pernas para ter a ilusão de ter por perto. esforços longínquos e descompassados, um trabalho que atravessa o tempo e na consciência de que estraga a minha pele.

esse órgão se flagela e se impõe dentro de uma tísica autoridade. e que em nenhum momento você percebeu o meu fado. essa minha condição, penetrou em seus olhos e por alguns instantes se alojou em sua cabeça. se não fosse o tempo encarnado na sua indiferença, minhas lembranças alugariam a preço de ouro alguns cômodos de seu corpo e de sua alma. espécie de fotografia.

sem decência, você pegou o primeiro ônibus rumo a qualquer lugar. pois qualquer espaço te cabe. em qualquer ambiente você é capaz de brotar mesmo sem criar raízes. e de desaforo, ainda floresce deixando para mim um rastro de fragrância e cor. sentidos rebeldes que, mesmo que eu não queria, penetram pelas as minhas entranhas e me remetendo ao seu fantasma.

mas não carregue um sorriso largo nessa boca de onde tanta saliva tirei. anote, mesmo que seja em um pequeno pedaço de papel, que o infinito, mesmo que seja eterno, um dia padece e se rende.

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