Wednesday, June 09, 2010

palavras limadas


o bom escrever é que consigo expurgar tudo aquilo que me incomoda. uma catarse para dar o próximo passo. a impressão que se apresenta é de uma reciclagem em cada texto concluído, um parto forçado com altas doses de naturalidade.


é paradoxo, é complexo, é corriqueiro. os pensamentos que originam as palavras me incomodam. me saturam de tal forma até o ponto de espremer o meu cérebro para que a última gota saia e assim não fique nem lembrança desse infortunio. independente se as palavras vão para as páginas de um jornal, para um texto à imprensa ou contemplam um desabafo de um sentimento qualquer. o aborto é o mesmo. limo, esfrego, abro a forceps até exaurir a obra completa.


o filho parido e embriagado no sangue é o aval para que outro seja gerado. o alívio de um rebento é o princípio do suor do próximo. na primeira tentativa de suspiro, outros pensamentos se aglomeram em forma de motim para espancar a minha cabeça. outras palavras, outras ideias com outros sentidos. e me restar gerar esse próximo descendente. sem saber a cor, o sexo muito menos o destino, lá vai o menino se criando. são formas e músculos. letras e palavras. é bonito e tão natural.

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