Friday, December 29, 2006

sete belo



ainda me lembro de quando era criança, adorava mascar as balas de sabor tuti-fruti. algum dinheiro nos bolso era motivo para correr para a vendinha que tinha perto de casa para me fartar com as balas cor-de-rosa. até mesmo escondido, a vendinha era o meu destino para que pudesse encher os bolsos com as balas. girar aquele baleiro e percorrer com os olhos onde se encontrava outras guloseimas era muito bom. mesmo fazendo um barulho por estar travado, o ruído agradava a mim que ouvia.

era um prazer inigualável comprar essas balas e comer uma por uma, principalmente nas tardes de sábado. nesses dias, era certo que receberia o troco da feira que minha mãe fazia pela manhã. aliás, era no último dia da semana que a lei do cotidiano perdia suas forças. pela manhã, um pastel de feira que nem sempre era carregado de recheio. mas preenchia a manhã sabática. e à noite: um banquete de pizza ou lanches regado a muito refrigerante. era identificada com sabor de tuti-fruti, era maleável e agradável para o paladar infantil. a goma era muito doce.

tragar uma porção delas de uma vez era um trabalho exaustivo para a mandíbula. sentir a massa doce na boca chegava ao ponto de sentir sede. um copo d´água era o intervalo para recomeçar a maratona que começava depois do almoço e se extendia até a novela das seis. e que dificilmente divida com o meu irmão ou com os amiguinhos da rua. um prazer solitário.

o sabor da infância me acompanha até os dias de hoje. lembrar da bala cor-de-rosa me traz de volta o aconchego de um agradável sabor que o cotidiano às vezes me priva. mesmo exposto na rua, o papel que embrulha a bala não me deixa na indiferença. para mim, a goma doce é um retrato da minha vida com sabor. um atestado da permanência da minha infância em meio a algum dissabor. sem tempero.